segunda-feira, setembro 24, 2007


Que negra sina ver-me assim,
Que sorte vil, degradante...
Ai que saudades eu sinto em mim,
do meu viver de estudante.

Nesse fugaz tempo de amor
que do rapaz é o melhor
era um audaz conquistador das raparigas.
De capa ao ar cabeça ao léu,
só para amar vivia eu,
sem me ralar e tudo o mais eram cantigas.

Nenhuma delas me prendeu,
deixá-las eu?! era canja...
Até ao dia em que apareceu
essa traidora de franja...

Sempre a tenir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir, um bengalão e ar descarado.
A vadiar com outros mais
ia dançar para os arraiais
para namorar, beber folgar, cantar o fado.

Recordo agora com saudade
os calhamaços que eu lia
os professores da faculdade
e a mesa de anatomia...

Invoco em mim recordações
Que não tem fim dessas lições
Frente ao jardim do velho Campo de Santana.
Aulas que eu dava e se eu estudasse,
onde ainda estava nessa classe,
e a que eu faltava sete dias por semana.

O Fado é toda a minha fé
embala, encanta e enebria
pois chega a ser bonito até
na Radio-telefonia.

Quando é tocado com calor
bem atirado e a rigor
é belo o fado, ninguém há quem lhe resista.
É a canção mais popular,
tem emoção faz-nos vibrar,
E eis a razão por ser Doutor e ser fadista.