quarta-feira, dezembro 13, 2006

Sweet November

Outono. Há quem não goste do Outono. Só porque lhe parece triste, só porque se caminha para o frio ou apenas porque nos lembra que o verão passou e que é já tempo de pensar no amanhã.

Sentado no telhado, encosto-me e ali fico até o sol mergulhar no meu mar que ainda há pouco era tão azul. Sei que vais cada vez mais cedo dormir, não sem antes me deixar mais uma vez maravilhado com o seu rasto de cores quentes, é certo que não tão quentes como outrora pois sobre ti trepa já a noite escura e fria.
Digo "Bom Dia" às estrelas e fico a pensar em ti. Só tu és ainda capaz de me surpreender, mesmo quando o teu gesto parecia tão quotidiano, rotineiro e banal, na verdade tão diferente, tão generoso, tão cheio de sinceridade.
É tempo de esquecer o Santini. A meloa, a manga e o morango, ou mesmo até a doce avelã que agora cairia tão bem... Guloso! É hora de arrefecer, serenar. O meu coração é já uma castanha assada dentro de um cartucho pardo que se desenrola e se lê, se amachuca e deita fora. Alguns trocos e venha mais meia-dúzia de pequenas pepitas capazes de aquecer até o mais gelado das nossas vidas. Que bom!

Sonho que caminhamos nesse entardecer. Entrelaçada no meu braço apoias confiante a tua cabeça no meu ombro, até chegarmos a essa baía onde repousam silêncios barcos de pescadores num ondular que nos apazigua. Acolho-te no meu sobretudo, um abraço quente escondido só nosso, e encostada a mim pareces aprender a contar cada batida do meu amor que é teu. Pego nas tuas mãos e aqueço-as com mimos. Pareces sorrir-me e se fechas os olhos vejo-te voar nas nuvens do nosso céu. Somos felizes.
Desequilibro-me e quase tombava. Abro e esfrego os olhos, acordo. Ainda a tempo do último raio no horizonte deste sol de hoje. Penso para mim tudo o que desejo partilhar contigo. Há quem não goste do Outono triste aborrecido.
Hoje senti-te num abraço de amor verdadeiro, meu Doce Novembro dum Outono pintado para mim.

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