segunda-feira, outubro 15, 2007

Muralhas

O meu castelo é grande, alto.
Castelo erguido em pedras por mim carregadas, com mais ou menos esforço ou sacrifício. Cimentadas pelas minhas angustias, sofrimentos, lágrimas num rosto que há muito lavei.
Dele apenas espreito por duas janelas estreitas, ou pela fechadura de uma pequena porta que ainda mantenho fechada.
"Eu quero amar, eu quero ser aquilo que Deus quer" mas... refugio-me nos meus medos. Isolo-me, encubro-me numa fortaleza tão fraca quanto a sua imensidão.

Castelo de Cartas! Castelo de Areia! mas que me dão essa ilusão de segurança.
Entre muros deitado vejo o céu, azul, azul claro brilhante, com uma ou outra nuvem passageira que me parece dar os bons-dias enquanto abre um sorriso.
Quando ouso contra as vertigens e escalo os degraus de uma das torres, consigo mesmo avistar uma praia, o mar, um lago, um caminho e... outros castelos?!
Sento-me a contar pedras - histórias, memórias, fósseis do passado - que me encobrem, me escondem e me iludem a realidade, a verdade tão próxima.
Por trás da porta!? Sim... por trás da porta...
Coragem! Corageeem!! Falta-me coragem para enfrentar tudo, abrir essa porta e derrubar todas as muralhas... sentar sobre todo o entulho cheio de força e confiança.
Amar! Talvez seja esse o maior medo. (Parvo!)
Amar, saber amar sem barreiras, desprendido, despido, desprovido e desarmado em todos os meus sentidos.

"Aqui me encontro ajoelhado", com esta pequena pedra que me apertava no sapato e que agora observo tão claramente na palma da minha mão. Tão pequena, tão simples. Sorrio para ela, a pedra do meu... "medo de amar" de não saber amar, de jamais ter amado, de nunca Te ter amado ou não me lembrar disso.
Coração de bicho-de-conta, que cai e se fecha, enrolado, protegido, fechado em si, amarrado de forma egoísta a um amor enorme, a tudo o que tem para dar.
Sinto-me pequeno como essa pedrinha sorridente :) Mas sim! "Eu quero amar, eu quero ser aquilo que Deus quer", e já sei! Claro que só podia ser assim tão simples, tão invisível a um mundo desatento. Basta fechar bem a mão, apertar bem, e atirar este grão de areia contra a porta. Tudo se desmoronará =D

Ahhh! de repente encontro-me tão bem, tão leve, no meio das pedras espalhadas sobre uma relva bem verde ao meu redor, fecho os olhos e apenas escuto o vento que me envolve, um aroma que me ilumina os sonhos.
Medos, vaidades, injustiças, vergonhas, faltas de confiança e humildade, egoísmos, são agora meia dúzia de berlindes com que brinco divertido como um "puto" que sou. Os meus berlindes, meus tesouros coloridos! :)
Sinto-me bem, simples, "como criança, cheia de esperança no olhar".

12 comentários:

Leila* disse...

Gostei... Muito mesmo... O que escreves é lindo.. Bjs pateta**

Anónimo disse...

Ursinho pequenito, de areia e de pó, edifica o teu castelo junto d´Aquele que num simples sopro te transformou em vida!
Mas há que reconhecer que antes de qualquer obra prima (nós, mulheres) há sempre um rascunho (vocês, homens). Um completa o outro. Um bruto e o outro arte. beijinhos sabes bem de quem...

Anónimo disse...

que maricagem!

Anónimo disse...

não posso deixar de concordar com o comentário anterior. este blog é do mais maricas que eu já li. "isolo-me", "por trás da porta", coragem, medo, desprendido, desprovido e brincar com berlindes, é claramente um sinal que não os tens no sitio.

Urso Prestável disse...

Pronto, tenho de responder! =P
O texto é uma pequena reflexão, entre muitas, que fiz na Peregrinação 2007 do Coro a caminho de Fátima. Na altura entre muitas coisas partilhadas, foi-nos proposto escrever sobre as nossas Muralhas interiores, não sobre as virtudes. Sei que fiz uma abordagem um pouco intimista, abalada, mas foi assim que me senti na altura, completamente perdido num caminho errado que Vou corrigir.
"Ser pequeno" era o tema. Ser pequeno para mim, para os outros e para Deus. Ser pequeno é entre muitas coisas ser humilde, ser simples e saber olhar o mundo com o amor bom e inocente de uma criança. =) Por vezes, andamos tão longe que esquecemos a nossa origem, e muitas vezes... o nosso destino. Podemos então ser ou sentirmo-nos grandes, mas não passamos de "Totós", incluindo eu. Sejam pequenos! Serão naturalmente grandes para vocês, para os outros e... para Deus! =)
Bem, haja a todas as reacções ;)

Anónimo disse...

cara..desconfio que você é boiola!

Leila* disse...

E o anónimo é um idiota!!

Anónimo disse...

É uma pena que este blog seja frequentado por pessoas sem educação não aceitando opiniões diferentes.

Anónimo disse...

Para quando outro tópico tão aberto, intimista e revelador da tua personalidade como este?

Leila* disse...

Pois de boa educação deves perceber tu! Opiniões diferentes não se traduzem com expressões "maricagem" ou "boiola" ou será que sim?

Anónimo disse...

É uma vergonha, no Séc. XXI ainda haver preconceitos sobre homesexualidade.
O comentário da Leila revela que existe imbuído nela, um preconceito inaceitável contra os gays. Expressões como as atrás referidas, são comuns no nosso quotidiano, e só uma parte retrógada da nossa sociedade não as compreende.

The Blogger ANALyst

Urso Prestável disse...

hey hey hey!!! Que se está a passar aqui?! Muito mais calma aí! :)
Primeiro, gostava de deixar claro que o meu post, lá por transmitir alguma da minha sensibilidade (espero transmitir, foi assim que o escrevi) não faz de mim gay. Este post não é uma discussão sobre a minha sexualidade, e se alguém tiver dúvidas venha cá tirá-las comigo :) terei muito gosto lol Muito mais calma aí :) ahah Acho que há já aqui muitos mal entendidos. A Leila é uma amiga e não se entendam mal as palavras dela, que só estava a defender a forma aberta com que escrevi. E não é o primeiro post em que o faço.
Vá, bjinhos e abraços a todos os que vêm por bem, mulheres, homens, homo, heteros, whatever :)